Um levantamento de 2020 feito pelo Senado Federal mostra que no Brasil há quase 34 mil crianças em abrigos pelos mais diversos motivos, dessas apenas algo em torno de 5 mil podem ser adotadas e estão disponíveis no cadastro nacional de adoção. Do outro lado, o cadastro de pessoas que querem adotar no Brasil conta com mais de 36 mil pessoas ou famílias, entre elas, muitos casais homoafetivos. Nesse momento você já deve ter se questionado por que essa conta não fecha, se há 5 mil crianças e 40 mil interessados é difícil entender como ainda há crianças esperando.
Fizemos uma pesquisa para tentar entender o que acontece e a verdade é que o nível de exigência das pessoas para adotar é muito alto, um exemplo trata-se da idade, enquanto 86% dos pretendentes querem crianças com menos de 6 anos, 91% das crianças para adoção tem mais de 6 anos, outro dado importante é que apenas 3% dos pretendentes aceitam crianças com deficiência cognitiva.
Chegando nesse ponto, encontramos dados que mostram que os pretendentes com menores ou nenhuma exigência quanto a qual criança querem adotar são em sua ampla maioria casais homoafetivos, isso se dá porque, além da dificuldade padrão para se adotar no Brasil, casais homoafetivos ainda relatam muitos casos de preconceito durante esse processo, tendo então que acabar aceitando qualquer criança que a justiça os permita adotar. Isso fica muito claro quando com pouca pesquisa a gente acaba encontrando relatos de casais LGBTQ que adotaram crianças LGBTQ, crianças com deficiência, negros, adolescentes e várias outras crianças que naturalmente não são aceitas por outros pretendentes.
"A gente aceitou o Daniel com muito carinho, é estranho pensar que as pessoas exigem crianças sem doença, se fosse um filho natural não daria pra escolher" afirma Diego, que com seu marido Leandro, adotaram Daniel, um menino que nasceu com com hidrocefalia e mielomeningocele e foi rejeitado por diversas famílias.
"Lembro quando a assistente ligou e disse: é um bebê, tem 6 semanas, Síndrome de Down, DAVS (defeito atrioventricular septal, problema cardíaco), precisa de cirurgia cardíaca e tem problemas de alimentação, vocês tem interesse? disse Holy que com sua esposa Alex, ambas canadenses, adotaram Jaxson.
Essas informações mostram que mesmo com direitos conquistados, como o direito a adotar, casais LGBTQ ainda encontram muita dificuldade para conseguir formar uma família, deixando claro que o preconceito, que já nos tira muita coisa, tira também a possibilidade de crianças encontrarem um lar com amor e uma família.
Nesse dia das mães, a gente quis fazer esse recorte para agradecer e parabenizar as mães que lutaram e venceram a burocracia e preconceito para formar uma família. As tantas mulheres lésbicas que bateram de frente com todos os desafios pelo sonho de serem mães!
Lab da Furacão LGBTQ
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