MOVIMENTO LGBTQ NO BRASIL
A expressão “Orgulho LGBTQ” surge em contrapartida ao estigma da vergonha, da carga e do preconceito que as pessoas LGBTQ’s carregam ao longo da vida. Do ponto de vista individual, diz sobre ter orgulho daquilo que carregamos, daquilo que nos constitui, e que por muitas vezes é encarado como pejorativo, discriminatório. Do ponto de vista coletivo, refere-se a forma que nos organizamos politicamente para romper aquilo que a sociedade sempre pregou como aceitável e normal. Tanto individual como coletivamente, o orgulho LGBTQ surge como uma ferramenta importante de luta e de empoderamento.
No Brasil, na década de 60, relatos de jornais da época mostram que de forma tímida, alguns grupos se organizavam com iniciativas a fim de discutir questões LGBTQ’s, organizar concursos gays, etc, até que em 13 de dezembro de 1968 institui-se o AI-5, o que congela qualquer movimento. É importante compreender que, se hoje o processo de descobrimento e aceitação individual é bastante complexo, naquela época era muito mais.
Foi somente no ano de 1979 que surge o Jornal “Lampião da esquina”, elaborado por homens gays, que começa a trazer pautas não só LGBTQ’s, mas também de feminismo, de raça e de outras lutas. Em 1980 ocorre a primeira divisão do grupo e surge então o GALF: Grupo de ação lésbica feminista.
O movimento LGBTQ, nos anos de 1982 e 1983 passa a sofrer com a epidemia DST/AIDS, onde grande parte dos ativistas se contaminam pelo vírus e acabam por falecer, sofrendo assim um grande baque.
Com o processo democrático, em 1986 acontece a 8º Conferência Nacional de Saúde e a partir dela, dois anos depois, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), de extrema importância para o movimento, visto que seria o Brasil, através desta política, o país a se tornar referência mundial no tratamento da DST/AIDS.
No início dos anos 90, surge dentro do movimento, a discussão pela sigla ou nome que o mesmo deveria ter. Até então, movimento de homossexuais, que se tornou movimento gay, e então, surge no Brasil a sigla GLS (Gays, lésbicas e simpatizantes), que posteriormente se tornou LGBT, retirando os “simpatizantes” da sigla com o entendimento de que estes não faziam parte do movimento.
Em 2005, foi criada a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) durante o governo Lula, que ampliou as políticas públicas voltadas às “minorias” e possibilitou uma série de acontecimentos revolucionários no país. Este processo, aliado as lutas de diversos grupos, culminou em vários direitos conquistados: em 2009 o direito ao nome social, em 2011 o casamento homoafetivo, em 2019 a criminalização da LGBTQfobia e em 2020 o fim da proibição da doação de sangue.
Toda esta história trata-se de um processo evolutivo e contínuo. Muitos fatos não estão presentes neste texto, visto que se trata de um processo complexo. Mas uma coisa é certa: Houve evolução, empoderamento e a representatividade está cada vez maior. E no futebol, paixão nacional, não há de ser diferente. Estamos chegando para ocupar um espaço, que historicamente sempre foi extremamente machista e homofóbico.
Mas estamos aqui para ajudar quebrar este estigma!
Caso tenham interesse em se aprofundar mais no assunto, indicamos a leitura do livro:
DEVASSOS NO PARAÍSO, A homossexualidade no Brasil. Da colônia à atualidade (João Silvério Trevisan).
COMO VOCÊ PODE NOS AJUDAR
Apoie a causa
Vá a eventos como a Parada do Orgulho LGBT e exposições que discutam o tema. Quando há interação, as pessoas podem sentir e até mesmo vivenciar algumas experiências, mesmo que apenas contadas por LGBTs. Outras maneiras de ajudar a causa incluem divulgar e fazer doações a associações, grupos de acolhimento e ONGs que lutam pela diversidade.
Dê oportunidades
Muitos LGBTs perdem o emprego quando se assumem, em especial os transgêneros. Por isso, se você tem seu próprio negócio ou conhece alguém que possa contratá-los, indique-os ou então se cadastre em plataformas. Se conhece um LGBT empreendedor, divulgue seu trabalho. Quanto mais incentivo, melhor.
Rebata equívocos
Alguém entrou no assunto da cura gay? Informe que a homossexualidade foi tirada da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) há 28 anos. Também fale que os termos corretos são “homossexualidade” e “orientação sexual”. Muitos ainda insistem em usar os termos “homossexualismo” e “opção sexual”.
Não generalize
Nem todo LGBT é igual. Por isso, não espere que todos os homens gays, por exemplo, sejam engraçados, entendam de moda e se comportem de maneira estereotipada. Busque encará-los e respeitá-los como qualquer outra pessoa. A mesma dica serve para você tratar com respeito e dignidade todos os que fazem parte da comunidade. Até porque cada letra da sigla tem sua própria identidade e seu próprio significado.
Nunca exponha
Cada LGBT tem o seu momento de sair do armário, e não cabe a você tomar essa decisão por ele. Os que não se assumem o fazem por diferentes razões, como não-aceitação ou medo de serem hostilizados tanto na instituição familiar, como fora dela. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade preconceituosa. Também não banque o machista inconveniente ao perguntar a um casal homossexual quem é o homem e/ou a mulher da relação.
INICIATIVAS QUE VALEM A PENA CONHECER
TODXS
Você conhece todos os seus direitos como cidadão? Sabe que a lei deve assegurar sua segurança e te proteger de atos de preconceito? A startup social TODXS sabe disso, e resolveu criar um aplicativo homônimo para que você também esteja ciente. A plataforma traz um compilado de todas as leis brasileiras de proteção à comunidade LGBT e ainda permite que os usuários façam suas denúncias.
CASA 1
O espaço fica no bairro Bela Vista, na região central e oferece abrigo para até 12 pessoas maiores de 18 anos de idade que foram expulsas de casa por conta de sua orientação sexual. Além de estadia, a Casa 1 oferece aulas e oficinas realizadas por voluntários. Para ajudar o projeto, acesse a página do Facebook ou escreva para centrocasaum@gmail.com.
CASA NEM
Na Lapa, no Rio de Janeiro, está sediada a Casa Nem, local de abrigo para transsexuais, travestis e homossexuais em situação de vulnerabilidade. A gestão do espaço é baseada em voluntariado e no apoio de pessoas que doam alimentos, móveis e dinheiro. Ali também acontecem eventos culturais para a comunidade LGBT.
GRUPO DIGNIDADE
O Grupo Dignidade é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Foi fundado em 1992 em Curitiba, sendo pioneiro no Paraná por ser o primeiro grupo organizado no estado a atuar na área da promoção da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais (LGBTI+). Foi a primeira organização LGBTI+ no Brasil a receber o título de Utilidade Pública Federal, por decreto presidencial em 05 de maio de 1997, e sua atuação sempre ocorreu tanto no nível local como no âmbito nacional.